CONSTELAÇÕES SISTÊMICAS


Cada um conhece alguém que passou ou passa por uma situação que sempre, sempre se repete. Seja na reincidência de relacionamentos frustrados, falta de prosperidade ou de satisfação profissional ou, ainda, em problemas de saúde sem diagnóstico clínico ou conflitos que se arrastam por anos na justiça.

A Constelação Familiar é um método terapêutico de abordagem sistêmica e fenomenológica desenvolvido por Bert Hellinger, teólogo, pedagogo e filósofo alemão.  Partindo de bases como a terapia familiar (Satir), o psicodrama (Moreno) e a terapia contextual (Boszormenyi-Nagy), Bert Hellinger chegou a compreensões sobre as leis que regem as relações humanas, estabelecendo uma forma inovadora de trabalhar na resolução de conflitos pessoais, interpessoais e institucionais.

Na constelação, através das dinâmicas que se desenvolvem nos grupos ou em atendimentos individuais, imagens internalizadas são trazidas à luz, permitindo que o cliente veja de um ângulo novo o sentido e origem daquilo que se manifesta como "seu" problema. É possível perceber os profundos laços que unem uma pessoa a seus ancestrais, pois, conforme já comprovado pela genética, herdamos, além das características físicas, memórias, dores e a força dos nossos antepassados.

A partir da visualização e das novas percepções que adquirimos na constelação, pode-se chegar a um novo espaço, onde o cliente sente-se mais livre para fazer suas escolhas, adquirindo especialmente um novo sentimento de Paz.

QUEM FOI BERT HELLINGER

Nascido em 1925, no Sul da Alemanha, Hellinger estudou por seis anos em um seminário católico, até seu fechamento, durante o período nazista. Como retaliação a sua família, que não havia se filiado ao partido nacional-socialista, aos 17 anos foi incorporado ao exército alemão e enviado para o front na Segunda Guerra Mundial. Prisioneiro por uma ano na Bélgica, conseguiu escapar e voltou à Alemanha, reingressando no seminário onde se formou sacerdote. Em seguida foi enviado como missionário para a África do Sul, onde conviveu por 16 anos com os Zulús. Observando a profunda reverência daquele povo com seus antepassados, Hellinger despertou para a importância das relações humanas com a ancestralidade. Foi nesse período que conheceu as dinâmicas de grupo, aplicadas por missionários anglicanos. Quando retornou à Alemanha como diretor de um seminário, já estava profundamente interessado na psique humana e fez sua primeira formação terapêutica, em psicanálise. Mas, conforme contou no livro Um lugar para os excluídos (Ed. Atman), desde essa época, já sabia que não se enquadraria em uma linha terapêutica específica. Logo abandonou a vida sacerdotal, casou pela primeira vez e buscou outras formações. Entre elas: Terapia Primal, Análise Transacional, Gestalt, PNL, Terapia de Família.

As constelações, como as encontramos hoje, refletem o modelo aberto de trabalho por Hellinger: desde o estabelecimento dos princípios das “Ordens do Amor e da Ajuda”, no desdobramento nos “Movimentos da Alma” e, em seguida, nos “Movimentos do Espírito”.

Vale destacar que a abertura do trabalho não significa que as constelações sejam uma abordagem superficial ou uma pseudociência, como tantas vezes tem sido apregoado pela mídia. 

Os resultados dos trabalhos desenvolvidos por profissionais com formações sólidas e eticamente responsáveis, deixa claro o fundamento de seu legado.

O QUE PODE SER CONSTELADO

  • dificuldades nos relacionamentos pessoais, profissionais e familiares;
  • dramas e tragédias que se repetem através das gerações;
  • separações e perdas;
  • medo da morte;
  • doenças físicas e emocionais / dependências e vícios;
  • problemas de ordem financeira e posses.

ENTENDENDO COMO FUNCIONA

A constelação pode ser realizada em grupo ou em atendimentos individuais. 

Em grupo

Existem três níveis de participação nos grupos:
O cliente é quem traz uma questão a ser trabalhada. Após uma breve entrevista feita diante do grupo ou de forma privada, a constelação é colocada utilizando representantes que ocupam lugares de pessoas ou outros elementos relacionados ao tema. O próprio cliente pode ser chamado a participar. A constelação acontece podendo trazer à luz uma dinâmica oculta, cujo reconhecimento e integração indica o caminho da solução. No decurso de uma constelação, quando há abertura real do cliente e o sistema está disponível, surgem imagens que conduzem a energia no sentido da cura.
Como representante na constelação, há uma tomada de consciência do que é estar na “pele do outro” através da ressonância com campo de quem ou daquilo que a pessoa está representando. Somos colocados em uma posição de observador interno do que é representado - seja uma pessoa ou um outro elemento da questão como, por exemplo, funcionários/clientes/fornecedores de uma empresa, um sintoma físico, um sentimento, etc. Esse lugar também pode levar o representante a vivências que reverberam em seu próprio sistema, desencadeando um processo de crescimento pessoal. 
Participando como observador: pelo simples fato de participar de um grupo de constelações, pode acontecer um processo de identificação daquele que observa o trabalho e, consequentemente, um reconhecimento de suas próprias questões e dinâmicas.  

Os passos:  
1- É feita uma entrevista com o cliente (privada ou aberta no grupo), quando o tema da constelação é apresentado;

2- As pessoas presentes são convidadas a participar como representantes, entrando no "campo da constelação"; 

3 - Com isso, uma primeira imagem se forma e, a partir dela, os movimentos da constelação acontecem;  

4 - No momento adequado o facilitador conclui a constelação;  

5 - É solicitado que os participantes não comentem o processo, permitindo que a energia do trabalho siga fluindo sem interferências externas.

Atendimento Individual

Os princípios utilizados no trabalho individual são exatamente os mesmos do grupo e não há diferenças no efeito da constelação. 
O que muda é a técnica - no atendimento individual utilizamos outros elementos para ocupar o lugar de representantes: bonecos, âncoras de solo, imaginação entre outras (ver em Franke, Ursula - Quando fecho os olhos vejo você, Ed. Atman, 2006
A escolha dependerá do cliente, que poderá se sentir mais seguro e, conseqüentemente mais aberto, em um contexto ou no outro.

O FENOMENOLÓGICO, A SERVIÇO DA SOLUÇÃO

Pessoas que participam pela primeira vez de um trabalho de constelação ficam espantadas como os representantes conseguem sentir emoções, sensações e ter mesmo pensamentos de pessoas desconhecidas. As explicações sobre esse fenômeno podem ser encontradas em diferentes abordagens. Cientificamente nos aproximamos da resposta através da teoria dos campos morfogenéticos, desenvolvida pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake. No entanto, o mais importante não é o fenômeno, mas o sentido expresso nas imagens que chegam pelas constelações e na orientação que ela dá para a resolução dos conflitos. 
Este trabalho é recomendado às pessoas que, de alguma forma, percebem-se “enroscadas”, “emaranhadas”, “sem saída” ou repetindo histórias sem a menor ideia de como modificar os acontecimentos com os recursos que possuem e se sentem chamadas a fazer um movimento no sentido da solução. 
Alguns exemplos:
Em 2014, uma cliente quis constelar, pois, mesmo com formação até o doutorado não conseguia em passar em concursos para lecionar. O trabalho foi realizado, revelando uma lealdade aos sofrimentos e privações que sua família de imigrantes sofreu no país de origem e no estabelecimento no Brasil. Quatro meses após a constelação, ela relatou que havia passado em primeiro lugar em um concurso para professora.
Outra pessoa relatou que sentia há muito tempo uma angústia constante, medo de que “algo” fosse acontecer. Ao chegar à maternidade a sensação se intensificou e isso atrapalhava sua relação como mãe e esposa. A constelação trouxe à tona o vínculo profundo com seus ancestrais perseguidos no nazismo. Depois do trabalho, a angústia e o medo de que “algo” fosse acontecer desapareceram.

As constelações mostram como estamos todos ligados de uma forma especial.  Oferecem uma oportunidade para constatar as teorias espirituais milenares que dizem que "somos todos um", assim como as mais recentes teorias científicas sobre a unidade de tudo o que existe no Universo, oferecendo uma oportunidade para observar como as teorias espirituais e científicas caminham cada vez mais em sentidos convergentes. Bert Hellinger diz: “nós não temos uma alma e sim somos parte de uma alma”.

A constelação é uma ferramenta transformadora que pode gerar resultados quando existe uma necessidade real e nunca para suprir uma curiosidade. Quando a alma da pessoa pede de sua profundidade a constelação, ela torna-se rica, pois a motivação sincera é a chave para encontrar os recursos que levam à cura.  

Fazer uma constelação significa, de um modo simples, encontrar soluções para problemas específicos que se está vivendo. O trabalho busca e revela soluções práticas, trazendo à tona aquilo que é essencial e que pode ter sido esquecido ou negado. Falar de constelação é falar em visão sistêmica.  Nascemos dentro de um sistema familiar, que existe há muitos anos e do qual desconhecemos em parte ou todo o seu histórico. Atrás de cada pessoa, existem gerações repletas de histórias, acontecimentos, situações trágicas e felizes.   Quando trabalhamos com constelação, trabalhamos com a alma familiar. O que acontece na constelação reverbera nesse sistema, podendo (re)unir aquilo que foi indevidamente apartado e separar o que não deve mais permanecer junto.

CONSTELAÇÕES ORGANIZACIONAIS

Uma empresa ou instituição também é um sistema que possui uma história, um fundador (ou fundadores) e tem uma missão. É composta por pessoas que desempenham tarefas diversas e complementares, tem uma hierarquia, está em relação com associados, colaboradores, fornecedores, clientes. Nesse âmbito, estamos falando das constelações organizacionais, cujos fundamentos estão relacionados com as constelações familiares, mas se direcionam ao campo do trabalho e, neste aspecto, apresentam determinadas especificidades, que poderão também ser examinadas a partir de suas dinâmicas. 

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