quarta-feira, 18 de julho de 2018

Reflexões sobre os fluxos do dinheiro


O dinheiro é força. Tem seu efeito. Algo o precede, por exemplo, um esforço que tenha trazido seu ingresso. Quanto maior o esforço, mais força terá o dinheiro, sempre e quando corresponder ao esforço. Se a remuneração é menor que o esforço, mantém seu valor, mas a força é menor. Se a remuneração vai além do esforço, também perde sua força. Isso se mostra no fato de que ele quer seguir. Não quer, nem pode ficar.


O mesmo vale se acumulamos o dinheiro sem sequer haver feito algo com ele ou havê-lo gastado em contrapartida a uma ajuda recebida
Quando o dinheiro se independiza, quer dizer, se desliga de serviços prestados à vida (para nós e para os outros), sobram dele números sem valor verdadeiro. Quando volta a recuperar este valor, se produz algo além de números, se produz uma eficiência que exige algo pessoal daquele que o faz. Quer dizer, se ao tomá-lo não se prejudica a outros, e sim se gasta e se dá para poder alcançar algo que possa servir a eles e a outros. Mas somente se eles se esforçam por ele. Dinheiro emprestado, que ocupa o lugar do esforço, se perde. Se perde sem força.
O dinheiro se move em um círculo de produção e remuneração, de nova produção e nova remuneração. Neste círculo crescem ambos, a produção e a remuneração.  O inverso, sem produção e sem remuneração equitativa ou ainda, se o dinheiro é emprestado ou dado sem levar em conta a produção equivalente, começa um círculo semelhante, mas de perda, até que o excedente desapareça.
O dinheiro se mantém distante de quem o deprecia. Sem dinheiro, ele se enfraquece no lugar de se fortalecer e permanece pobre.
Aquele que, por ser modesto se vira com pouco dinheiro, a ele se dirige. E chega a ele quando o necessita. Permanece como uma força.  
Aquele que aprecia o dinheiro, pode deixar que siga seu curso. O mantém em uma corrente longa, como a de um cachorro. Com mais vontade ainda o dinheiro volta a ele, quando o necessita e quando o chama.
Às vezes o dinheiro se retira. Por exemplo, quando depreciamos algo que nos é oferecido com amor, que nos deram, especialmente os feitos dos nossos pais. Somente se apreciamos seus feitos, o pagamento que equivale a estes feitos chegará até nós e até eles.
Isso vale em geral. Se respeitamos o esforço que outros fizeram em nosso nome, muitas vezes sem receber nada em troca, vem deste esforço, tanto para eles como para nós, um rendimento. Eles retribuem esse respeito com mais esforço, sem mesmo reparar nele. Sem nosso respeito, já não haverá esforço.
Todo dinheiro provém e se mantém neste mundo. Em outro mundo, além do nosso vale outra moeda. Mas o dinheiro daqui temum efeito no outro mundo se, de uma forma boa, tanto o tomamos quanto o deixamos. Tem permissão de ficar, quando nosso tempo termina.
A pergunta é: para quem ou para o quê ele permanece? Aquele que o receberá depois de nós terá a força para mantê-lo? Se converterá em remuneração por um esforço que ele tenha feito ou se converterá em um peso que oprime no lugar de ser um presente?
Destas reflexões qual a compreensão resultante? O dinheiro comporta-se como um mensageiro, que nos é enviado de outro lugar. Ele quer que o ganhemos para se fazer algo com ele e logo deixá-lo, no devido tempo. Escutamos a mensagem que esse mensageiro trás do outro lado, com cuidado prestamos atenção: o que exige de nós, seja o que for, a serviço de seu senhor. Não podemos nem devemos escolher.
Manejamos de forma devota nosso dinheiro, como faríamos com uma revelação divina. Em sintonia com ela, assentimos ao dinheiro, seja o que for ou que espere de nós. Em sintonia com essa revelação, nosso trato com ele se converte em um serviço a Deus e em serviço à vida. Para muitos, um serviço com amor.   
Tradução livre de trecho de texto de Bert Hellinger extraído de  - Ayuda para la vida diaria – Enero 2011